sábado, abril 30

olhos, ou mais.

« podia dizer que os teus olhos eram planetas, que eram o mar, que eram tudo e nada. que eram dois pirilampos que sobressaem no meio da noite, principalmente quando está de dia. podia dizer que eram um jardim, que eram flores, ou apenas pétalas. mas porque é que haveria de o dizer, se eles são, efectivamente, olhos? apenas olhos. e é preciso serem mais que isso? serem olhos é o bastante para que sempre que os vejo me fazerem suster a respiração involuntariamente durante uma eternidade. uma eternidade que dura demasiado tempo e acaba demasiado cedo e quando me apercebo, os meus olhos já se fecharam. os teus e os meus. mas os meus já não se querem abrir porque fechados mantém a imagem dos teus abertos. e se os meus se abrirem e virem os teus fechados, nunca mais se recordaram deles abertos, e vão chorar. mas são só olhos não é? desculpem se vi demasiado. »  escrito por: carlos pinto. 


como os abri, esqueci-me. ainda tenho a certa impressão de que eles existem, mas depois? não interessa, eram apenas uns olhos: comuns aos outros.
não vi nada para além de confusão, uma grande dor no castanho constante de alguém. quem? já não sei, essa memória é longínqua; qual lembrança perdida, naufragada num mar sem volta e meia.
tento proteger-me de algo inexistente, hoje, amanhã... mas quando os dias acabarem, vou voltar a fechar os olhos; talvez aí me lembre, porque algo me puxa para o passado: esse meu amigo confidente, apenas com risos mas sem olhares; sem o carinho que alguém me deu, mas quem? 
esse vazio que sinto, é como se me faltasse algo; nunca esteve comigo, ou penso que sim, mas sinto falta disso.
esse vazio que é o meu companheiro, sem remorsos, sem amor: apenas uma pitada de rancor por o ter esquecido.

p.s: o segundo texto é meu, e o rapaz da foto é o joe brooks, o cantor da música do blog. 

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