terça-feira, abril 12

inferno.


« tudo me cansa, mesmo o que não me cansa. a minha alegria é tão dolorosa como a minha dor. entre mim e a vida há um vidro ténue. por mais nitidamente que eu veja e compreenda a vida, eu não lhe posso tocar. raciocinar a minha tristeza? para quê, se o raciocínio é um esforço? e quem é triste não pode esforçar-se. nem mesmo abdico daqueles gestos banais da vida que eu tanto queria abdicar. abdicar é um esforço, e eu não possuo o de alma com que esforçar-me. os meus sonhos são um refugio estúpido, como um guarda-chuva contra um raio. a minha vida é como se me batessem com ela. o que há de mais reles nos sonhos é que todos os têm. mas alguns na vida têm um sonho, e faltam a esse sonho. outro não têm sonho nenhum, e faltam a esse também. quem sou eu para mim? uma sensação só minha. o meu coração esvazia-se sem querer, como um balde roto. pensar? sentir? como tudo cansa se é uma coisa definida! também eu lise, também eu. »
cp.


não sei, algo me deixa a querer desaparecer, apenas por querer. não, não é normal querer matar pela paz numa casa; nunca fui disso, nem nunca serei. mas o desejo esmaga-me, mais do que qualquer outro que tenha tido.
promete-me; promete que não me vais deixar cair nele como já caí em tantos. quero deixar-me disso, mas é apenas mais um querer sem importância que não vai passar disto. como o querer-te, não há algo mais estúpido do que querer outro ser e não o ter; não há algo que mate mais que a raiva, a angústia. querer? para quê querer, quando ninguém sabe governar o que quer e vai ter? caímos todos na tentação, mas quem nos salva? ninguém, sendo que ninguém quer saber disto; neste momento, apenas vivemos porque sim. e vamos continuar a senti-lo até que alguém dê valor ao que fazemos sem ter os olhos apenas em papel que nos guia a vida: dinheiro. agora? nós apenas somos à base disso; e eu não quero ser assim. mas é apenas mais um querer sem importância, que não vai passar disto.

ef.

1 comentário:

  1. Obrigada querida. Claro que não se esquece, nunca se esquece, a saudade vai sempre trazer-me a memória dela, e isso é bom, era minha, era a minha avó :')
    Muito obrigada pelo apoio, pela força, por tudo!*

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