segunda-feira, abril 11

anjo.


banho, finalmente. é a hora em que eu estou sozinha, apenas eu; em que eu não preciso de me preocupar, de ouvir gritos; é onde eu posso separar a realidade da fantasia e respirar.
a água à minha volta está quente, mas sinto-a arrefecer; a janela está aberta, ouço os pássaros a piar; que linda harmonia (...) ligo o chuveiro e a água começa a cair para cima da minha cabeça, os cabelos começam a ficar molhados, as gotas escorregam pelo meu corpo e sorriu; aquela sensação de liberdade deixa-me feliz, o único (e curto) momento em que tal me enche o peito. deixo de o fazer, algo me lembra: vai acabar. 
outro tipo de gotas quer juntar-se ao grupo que está na minha cara, mas contenho-me. sim, porque não posso chorar, ensinaram-me que não. mesmo que doa imenso, as lágrimas nunca ajudarão logo são inimigas do certo. mas quem é perfeito? ninguém, ou pensava eu assim. até que me obrigaram a sê-lo, chamando-me coisas que diziam ser inexistentes. eu era obrigada a sê-lo, ponto; não tinha escolha.
a liberdade tinha uma grande força, mas não se podia soltar por baixo dos meus cabelos. queria, era algo que me estava no sangue: a liberdade. mas não podia, ponto; não tinha escolha e isso fazia-me querer soltar de outra maneira, mas sabem? os anjos não choram, e eu não posso chorar.  

1 comentário:

  1. Adorei, simplesmente!
    O banho, a água quente, tem sempre um poder mágico *.*

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